Neemias: Um Líder Temente a Deus
Por
Caramuru A. Francisco
É
interessante observar, de início, que, já quando o povo de Israel
saiu do Egito, seguindo um conselho de seu sogro Jetro, Moisés elencou quais
deveriam ser as características dos líderes no meio do povo de Deus. Para liderar, era necessário que os
homens fossem “capazes, tementes a Deus, homens de verdade e que aborreçam a
avareza” (Ex.18:21). Neemias preencheu todos estes requisitos, o que demonstra porque foi exitoso em
seu governo diante do povo de Judá.
O primeiro
ponto que queremos destacar na vida de Neemias é o fato de ser “temente a Deus”, pois este é um
ponto fundamental na vida de qualquer líder no meio do povo de Deus. Para que
alguém possa liderar com êxito na Igreja, faz-se absolutamente necessário que,
antes de mais nada, seja um liderado do Senhor, ou seja, alguém que tema a
Deus, ou seja, que seja obediente e reverente ao Senhor. Neemias era
extremamente temente ao Senhor, como podemos observar ao longo do livro que
leva o seu nome. A narrativa mostra-nos que, antes de mais nada, Neemias era um
homem de oração.
Desde o
instante em que Neemias surge no livro (Ne.1:4) até o momento do término da
narrativa (Ne.13:31), encontramos Neemias orando. Neemias, antes de tomar
qualquer decisão, orava a Deus e, posteriormente, após ter tomado a decisão,
voltava a orar a Deus. Quando alguém teme ao Senhor, tem o máximo interesse em
agradar a Deus, em tudo fazer segundo a orientação divina, a fim de que tenha
certeza de que está a obedecer ao Criador em todas as atitudes. Cristo
deixou-nos este exemplo, sendo obediente até a morte (Fp.2:8). Ora, não há
outro meio pelo qual saibamos precisamente o que Deus quer, a fim de Lhe sermos
obedientes e reverentes, senão pela oração, ação pela qual nós mantemos um
diálogo constante com o Senhor, passando a ter cada vez maior intimidade com
Ele. O verdadeiro líder no povo de Deus tem de ser um homem de oração, um homem
que tenha intimidade com o Senhor.
Samuel, o
último juiz de Israel, mostra-nos a grande importância da oração na liderança,
pois, tendo resignado o seu cargo, disse ao povo que não poderia deixar de
interceder por ele, sob pena de vir a pecar (I Sm.12:23). A oração é tão
importante para o líder que, mesmo depois de ter deixado de exercer as funções
de liderança, deve continuar a orar pelo povo. O Senhor Jesus, antes de
revestir de poder os Seus discípulos, de modo a que pudessem iniciar a obra da
evangelização, fez-lhes orar por sete dias ininterruptos, a nos demonstrar
claramente que não há como se constituir líderes na Igreja sem que se tenha uma
vida de oração.
Lamentavelmente,
nos dias em que vivemos, muitos que se dizem líderes no meio do povo de Deus
não têm uma vida de oração. Recentemente, em seu livro “De pastor para pastor”,
o pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes deu notícia de uma pesquisa em que
o tempo médio de oração diária dos pastores no Brasil não passa de quinze
minutos, ou seja, um quarto do tempo mínimo considerado pelo próprio Senhor
Jesus (Mt.26:40)! Não espanta, pois, o quadro trágico em que se encontra a
Igreja em nosso país na atualidade…
Além de ser um homem de oração,
Neemias também praticava o jejum.
Logo no limiar da narrativa, vemos Neemias jejuando e orando a Deus (Ne.1:4),
sendo certo que também participou, junto com o povo, daquele jejum coletivo que
os levou ao arrependimento e confissão de pecados (Ne.9:1). O líder deve ser
alguém que não só tem uma vida de oração, mas que também se consagra a Deus
periodicamente, a fim de que tenha maior intimidade com o Senhor e mais poder
vindo dos céus. Infelizmente, nos dias hodiernos, muitos têm trocado o jejum
pela participação assídua em banquetes onde reinam os deleites cotidianos e
onde recebem o galardão da injustiça (II Pe.2:13)…
Outro aspecto que nos mostra que
Neemias era temente a Deus é o seu conhecimento das Escrituras, algo que, nos tempos de Neemias, não era tão simples
assim, ainda mais que Neemias não era sacerdote nem escriba e, como sabemos,
havia nascido na diáspora, isto é, fora da terra de Israel. Em sua oração
intercessória pela situação lamentável de Jerusalém, logo no primeiro capítulo,
Neemias mostra ter pleno conhecimento da história sagrada, como também da lei
do Senhor (Ne.1:6-9). Ao longo da narrativa, vemos que Neemias tomava decisões
em pleno acordo com o que constava tanto na lei quanto nos escritos sagrados
posteriores, como, por exemplo, no episódio do despejo de Tobias (Ne.13:1,7,8)
ou na designação de cantores e levitas para o templo (Ne.12:44-46), prova de
que era um exímio conhecedor da revelação divina a Israel.
O
conhecimento das Escrituras é um requisito “sine qua non” para que alguém possa
liderar o povo de Deus. A Bíblia Sagrada é a revelação de Deus ao homem e não
há como alguém que queira liderar o povo de Deus seja uma pessoa que não
conheça o que Deus quer do homem. Da mesma maneira que a oração nos mantém um
diálogo com o Senhor, a partir do homem, o conhecimento da Bíblia Sagrada é,
também, uma forma de conhecermos a Deus e sabermos a Sua vontade, só que a
partir da iniciativa do próprio Deus, que quis revelar-Se ao homem por
intermédio das Escrituras. O líder tem de ser um conhecedor da Palavra de Deus,
sem o que não poderá estar à frente do povo ( e é isto que significa
“presidir”). Como pode alguém guiar outro na senda espiritual se não tem visão
espiritual? Ora, a visão espiritual, o enxergar espiritual só é possível por
intermédio da “lâmpada” e da “luz”, que é a Palavra do Senhor (Sl.119:105).
Nos dias
em que vivemos, por incrível que pareça, estamos diante de uma situação lamentável,
onde muitos líderes são verdadeiros “analfabetos bíblicos”. Apesar do aumento
da escolaridade do povo de Deus, apesar da disseminação do ensino teológico, as
Assembleias de Deus vivem um momento crítico de “analfabetismo bíblico”, a
começar dos que líderes querem ser. É triste dizermos isto, mas é pura
realidade: os “analfabetos” que eram obreiros no início da história de nossa
denominação eram muito mais “eruditos” biblicamente falando do que os “doutores
em divindade” de nossos dias. Vivemos um instante de profundo desconhecimento
bíblico por parte daqueles que querem liderar que, apesar de ostentarem
“diplomas” e “anéis no dedo”, nada conhecem de Bíblia, até porque a esmagadora
maioria das “escolas teológicas” não passam de “balcões de vendas de diplomas”,
que não deixam coisa alguma a desejar em relação ao medíocre e lastimável
estado da educação secular em nosso país, que é uma das piores do mundo.
Como prova
disso é que a esmagadora maioria dos que líderes se dizem ser em nosso país não
são (e muitos nunca foram) alunos da Escola Bíblica Dominical e também pouco
frequentam as reuniões de ensino na igreja local (salvo quando são os
“ensinadores”). Como Neemias era diferente…
Como se
não bastasse isso, Neemias também sempre
mostrou ter interesse em que o povo conhecesse a sua história e o teor das
Escrituras, tanto
que mandou ler o livro das genealogias (Ne.7:5), como também a própria lei do
Senhor, sempre que tinha necessidade de tomar decisões baseadas nas Escrituras
(Ne.13:1), pois, como bom líder, não queria “ser rei por ter um olho em terra
de cegos”, mas que o povo compreendesse a revelação divina, que o povo também
fosse conhecedor da Palavra de Deus. Para tanto, Neemias não trouxe qualquer
objeção, mas antes incentivou, a leitura da lei do Senhor por Esdras, leitura
esta que fez o povo adquirir um novo patamar espiritual diante de Deus, o que
gerou não só o avivamento e o arrependimento e confissão de pecados, mas também
a própria disposição do povo em se comprometer a servir ao Senhor.
Esdras,
que viera treze anos antes de Neemias, havia se dedicado à preparação dos
levitas e sacerdotes na lei do Senhor, mas o governador “popularizou” esta
instrução, tendo um papel fundamental para enraizar no povo judeu o zelo pela
observância da lei, característica que vemos até os dias de hoje e que é
responsável pela preservação da identidade judaica ao longo dos séculos. Sem
esta decisão de Neemias, Judá correria o risco de ser assimilado pelos demais
povos, o que seria catastrófico para a humanidade, já que a salvação vem dos
judeus (Jo.4:22). O líder temente a Deus quer que todo o povo também tema ao
Senhor. O líder temente a Deus sabe que o povo é de Deus e não dele, e, por
isso, não quer fazer da ignorância uma arma de dominação, pois sabe que não
pode dominar, mas, sim, deve apascentar este povo (I Pe.5:2,3). O líder temente
a Deus faz de tudo para que haja mestres no meio do povo de Deus, incentiva-os,
a fim de que o povo possa bem conduzir-se na sua vida espiritual, a fim de que
a obra de Deus possa ser eficazmente realizada. O pastor, além de ser
necessariamente um mestre (I Tm.3:2), tem de estimular e prestigiar os mestres
que, nem sempre, necessariamente terão de ser pastores.
Nos dias
em que vivemos, porém, o “espírito de dominação” paira em muitos lugares e os
que líderes se dizem ser buscam, de todas as maneiras, manter os liderados sob
o manto da ignorância bíblica, até porque, em alguns casos, são eles próprios
ignorantes ou, o que é pior, pessoas que já abandonaram a sã doutrina e que
querem agora ter pessoas à sua volta e não mais em torno de Cristo Jesus
(At.20:30). São cegos que guiam outros cegos e que cairão ambos na cova da
perdição (Mt.15:14). Não é de se admirar, portanto, que muitos líderes hodiernos
estejam a retirar a Bíblia Sagrada das mãos dos liderados, substituindo-a por
“visões”, “revelações” e tantas outras invencionices, sendo também impiedosos
perseguidores dos mestres que o Senhor levanta no meio do povo, sendo
desestimuladores, quando não aniquiladores de atividades como a Escola Bíblica
Dominical e o culto de doutrina.
Neemias também demonstrou ser
temente a Deus ao pôr Deus como prioridade em sua vida e fazer o povo assim
entender. Lembremos de que
ele era um governador civil e que, portanto, a princípio, sua missão era
reedificar a cidade de Jerusalém e organizar a administração daquela região,
algo importantíssimo num império que passou para a história como um exemplo de
administração como era o Império Persa. No entanto, tudo quanto fez levava em
conta o fato de que Judá era “a propriedade peculiar de Deus dentre os povos”,
de forma que tinha plena consciência de que toda a administração devia estar
voltada para criar condições para que o povo pudesse amar a Deus sobre todas as
coisas.
Neemias,
pois, assim que terminou a reconstrução dos muros e das portas de Jerusalém,
tratou não só de organizar o serviço do templo, como também criar critérios
seletivos para a povoação de Jerusalém, de modo que a população fosse piedosa e
pusesse Deus acima de todas as coisas. Neemias, pois, sempre incentivou as
iniciativas do povo de buscar adorar a Deus, de cultuá-lo, prestigiando não só
a leitura da lei por Esdras, como também a celebração da Festa dos Tabernáculos
e, depois, o ajuntamento espontâneo que redundou no arrependimento e confissão
dos pecados e no solene compromisso de observância da lei (Ne.8-10).
Ao
retornar em seu segundo mandato, Neemias, também, fez questão de dar
conhecimento do teor da lei para o povo (Ne.13:1), antes de remover os abusos
relacionados com a presença de Tobias na câmara grande do templo, com a
profanação do sábado e com os casamentos mistos, a fim de que o povo tivesse
ciência de que não estava ali o governador simplesmente a usar de seus poderes
civis, mas, precipuamente, a cumprir a vontade de Deus. Como se não bastasse
isso, o próprio Neemias convocou o povo para a cerimônia de dedicação dos muros
de Jerusalém (Ne.12:27-43), num gesto em que, uma vez mais, mostra que a
prioridade da vida do povo deveria ser a de servir a Deus e a de amá-l’O sobre
todas as coisas. O líder temente a Deus deve levar o povo de Deus a pôr Deus
como prioridade em suas vidas. Deve ser um incentivador e estimulador do culto
ao Senhor, da adoração a Deus. O líder, a partir de sua própria vida e
testemunho, deve incutir no povo de Deus aquilo que o Senhor Jesus nos ensinou,
ou seja, de que devemos buscar o reino de Deus e a sua justiça primeiramente
(Mt.6:33).
Hoje em
dia, entretanto, muitos dos que líderes se dizem ser são os primeiros a mostrar
ao povo, por meio de seu modo de viver, que se devem buscar as coisas desta
vida, de que mais valem as coisas passageiras deste mundo (riquezas, fama,
posição social etc., etc., etc.) do que as “coisas de cima”. Não há qualquer
estímulo ao culto a Deus ou à verdadeira e genuína adoração, mas, quase sempre,
há um incentivo tão somente ao entretenimento e aos “shows”. Como Neemias era
diferente… Não são poucos, aliás, os líderes que acabam gerando no meio do povo
de Deus uma inquietação e um incômodo quanto estão na presença do Senhor.
Muitos, atualmente, chegam a afirmar que quem manda no culto é o “relógio”,
porque têm pressa de sair da presença de Deus, embora sejam absolutamente
negligentes no tocante ao horário de início das reuniões, porque também não têm
pressa de chegar à presença do Senhor. Como Neemias era diferente, tanto que o
povo chegou a ficar seis horas diárias ininterruptas ouvindo a lei do Senhor… Neemias
tinha todo o interesse que o povo mantivesse um relacionamento íntimo com Deus,
não só era temente ao Senhor, mas também queria que o povo também o fosse. Que
bom será termos líderes assim no povo de Deus!
Por fim, por ser temente a Deus, Neemias tinha discernimento
espiritual, o que o impedia de ser enganado pelo inimigo. Quem
tem intimidade com o Senhor, conhece a Sua voz (Jo.10:14,27) e, por isso,
quando são armadas as ciladas do adversário, ele as desbarata pela direção do
Espírito Santo. Assim, Neemias não foi enganado com a falsa profecia de Semaías
(Ne.6:12). A falta de discernimento espiritual na liderança atualmente no meio
do povo de Deus é uma das principais causas da apostasia que grassa na
esmagadora maioria das igrejas locais. Que nossos líderes sejam tementes a Deus
para que possam discernir os espíritos enganadores que estão no meio da Igreja
nestes últimos dias (I Tm.4:1)!
Fonte:http://www.portalebd.org.br/classes/jovens-e-adultos/item/888-4%C2%BA-trim-2011-li%C3%A7%C3%A3o-13-a-integridade-de-um-l%C3%ADder-i
Vim fazer-lhe uma visita, e recomendo vivamente que esta Palavra da Verdade nunca se aparte de sua boca, e que os rios do Grande Deus fluam através de seu ser, a graça do Glorioso Jesus brote como um nascente vivo de aguas cristalinas de sua vida para inundar aqueles que sedentos procuram saciar sua sede nos lamaçais deste mundo. Convido a fazer parte de meus amigos na Verdade Que Liberta. Votos de um Feliz Natal e um Ano Novo cheio da graça bendita de Deus. Um abraço.
ResponderExcluirAntônio, a Paz de Cristo.
ResponderExcluirFico feliz em receber a sua visita. E que você tenha uma vida abençoada em Deus. Um abraço.
Realmente Neemias era um lider muito temente a Deus, e de total confiança do Rei onde ele era copeiro e muito obediente. A confiança era tanta que tudo que ia servir ao Rei, primeiro Neemias tocava em sua boca frete ao Rei para saber que não teria veneno. Ele era um servo muito sábio. Neemias soube pedir perdão a Deus pelo seu povo e jogando total responsabilidade de seu povo sobre ele e prometendo que não ira acontecer mais nada.
ResponderExcluirNeemias depois que ficou sabendo de toda tagédia ele orava muito pelos filhos de Israel que tambem era seu povo, ele temia pelo que Deus fizesse a seu povo. a sua preocupação com eles era muito forte, pois ele não queria que nada de mal acontecesse com o seu povo. Quando Neemias foi ter a Deus ele confeçou que era o copeiro do Rei. Neemias sofria por causa de seu povo, parecia que todas as culpas deles caia sobre ele devido a sua preocupação e parecia que eles aproveitavam de sua preocupação.
ResponderExcluirGuiomar, a Paz de Cristo.
ResponderExcluirObrigado pelo seus comentários. Abraço.