O Crente e a Confissão Positiva 2/2
Trad. Caramuru A. Francisco
Esta declaração sobre o crente a confissão positiva foi aprovada como uma declaração oficial pelo Presbitério Geral das Assembleias de Deus [as Assembleias de Deus dos Estados Unidos da América, observação nossa] em 19 de agosto de 1980. (continuação...)
Os crentes devem reconhecer que podem esperar sofrimento nesta vida
Em o Novo Testamento , as palavras rhema e logos também são usadas uma pela outra. Isto pode ser visto em
passagens como I Pe.1:23 e 25. No verso 23,
é “o logos de Deus
que…permanece para sempre”. No verso 25, “o rhema
do Senhor permanece para sempre”. Novamente, em Ef.5:26, os crentes são lavados
“com a lavagem da água pelo rhema”.
Em Jo.15:3, os crentes “são limpos pelo logos”.
Esta declaração sobre o crente a confissão positiva foi aprovada como uma declaração oficial pelo Presbitério Geral das Assembleias de Deus [as Assembleias de Deus dos Estados Unidos da América, observação nossa] em 19 de agosto de 1980. (continuação...)
Os crentes devem reconhecer que podem esperar sofrimento nesta vida
O ensino da confissão positiva
defende que devemos viver como reis nesta vida. Ela ensina que os crentes devem
dominar e não ser dominados pelas circunstâncias. A pobreza e a doença são
comumente mencionadas entre as circunstâncias sobre as quais os crentes devem
ter domínio.
Se os crentes escolhem os reis
deste mundo como modelos, é verdade que eles buscarão uma vida livre de
problemas (embora até mesmo os reis deste mundo não estejam livres de
problemas). Eles estão mais preocupados com prosperidade física e material do
que em crescimento espiritual. Quando os crentes escolhem o Rei dos reis como
seu modelo, entretanto, seus desejos serão completamente diferentes. Eles serão
transformados pelo Seu ensino e exemplo. Eles reconhecerão a verdade que está escrita em Rm.8:17 a respeito dos coerdeiros de Cristo: “se é
certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados”.
Paulo foi ainda além ao se gloriar em suas enfermidades em lugar de negá-las
(II Co.12:5-10).
Embora Cristo fosse rico, por
amor de nós Se fez pobre (Ii Co.8:9). Ele podia dizer: “As raposas têm covis, e
as aves dos céus têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a
cabeça” (Mt.8:20).
Enquanto Deus em Sua Providência
dotou alguns com a capacidade de acumular riqueza maior que outros, alguma
coisa está tragicamente faltando se não há boa vontade para fazer a vontade de
Deus e abandonar tudo, se for necessário, inclusive os confortos do ser humano.
Jesus jamais cessou de ser Deus,
e através do poder do Espírito Santo fez vários milagres, mas Ele não estava
livre de sofrimentos. Ele sabia que deveria padecer muito dos anciãos
(Mt.16:21; 17:21). Ele desejou comer a páscoa com os discípulos antes que
sofresse (Lc.22:15). Depois de Sua morte, os discípulos reconheceram que o
sofrimento de Cristo era cumprimento das profecias (Lc.24:25, 26, 32).
Quando os crentes percebem que
reinar como reis nesta vida é tomar Cristo como modelo de rei, eles
reconhecerão que isto pode envolver o sofrimento, que, algumas vezes, é muito
mais real ficar com circunstâncias desagradáveis do que tentar fazer todas as
circunstâncias agradáveis.
Foi mostrado a Paulo que ele
deveria sofrer (At.9:16). Mais tarde ele se regozijou com seus sofrimentos para
os colossenses. Ele viu que o seu sofrimento como o cumprimento “ na minha
carne, do resto das aflições de Cristo, pelo Seu corpo, que é a Igreja”
(Cl.1:24).
Deus promete suprir as
necessidades dos crentes e Ele sabe como livrar o devoto da tentação, mas
reinar na vida como Cristo fez pode também incluir o sofrimento. O crente
submisso aceitará isto.Ele não ficará desiludido se a vida não for uma série
contínua de experiências agradáveis. Ele não se tornará cínico se não tiver
todos os desejos de seu coração.
Ele reconhecerá que o servo não é
maior do que seu senhor. Seguir a Cristo exige negar a nós mesmos (Lc.9:23).
Isto inclui negar nossos desejos egoísticos e pode incluir admitir nossos
problemas.
Problemas nem sempre são
indicação de falta de fé. Pelo contrário, podem ser um tributo à fé. Esta é a
grande ênfase de Hb.11:32-40:
E que mais direi? Faltar-me-ia contando de Gedeão, e
de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas: os
quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas,
fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da
espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida
os exércitos dos estranhos. As mulheres receberam pela ressurreição os seus
mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento para alcançarem
uma melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e até
cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da
espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos
e maltratados (dos quais o mundo não digno), errantes pelos desertos e montes,
e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela
fé, não alcançaram a promessa: provendo Deus alguma coisa melhor a nosso
respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados.
Defender que todo o sofrimento
resulta de confissões negativas e indica falta de fé contradiz as Escrituras.
Alguns heróis da fé sofreram grandemente, alguns até morreram por causa da fé,
e foram elogiados por isso.
Os crentes devem reconhecer a soberania de Deus
A ênfase da confissão positiva
tem uma tendência para incluir declarações que fazem parecer que o homem é
soberano e Deus, o servo. Declarações são feita a respeito de obrigar Deus a
agir, o que implica dizer que Ele abandonou a Sua soberania, que Ele não está
mais na posição de agir de acordo com a Sua sabedoria e propósito. Referências
são feitas de que a verdadeira prosperidade é a capacidade de usar a capacidade
de Deus e o poder de encontrar necessidades independentemente de que sejam tais
necessidades. Isto põe o homem na posição de usar Deus mais do que o homem se entregar
a si mesmo para ser usado por Deus.
Nesta visão, é dada muito pouca
consideração à comunhão com Deus para se descobrir a Sua vontade. Há muito
pouco apelo a buscar as Escrituras para se ter a estrutura da vontade de Deus.
Há pouca ênfase no tipo de discussão que devem seguir os crentes que resulta na
concordância de dois ou três sobre qual seja a vontade de Deus. Em lugar disso,
o desejo do coração é visto como uma ordem que vincula a Deus. Ele é visto como
algo que concede autoridade ao crente.
É verdade que Jesus disse: “E
tudo quanto pedirdes em Meu nome, Eu o farei, para que o Pai seja glorificado
no Filho” (Jo.14:13). Mas as Escrituras também ensinam que o pedido deve estar
de acordo com a vontade de Deus: “E esta é a confiança que temos n’Ele, que, se
pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve. E, se sabemos que
nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que Lhe
fizemos” (I Jo.5:14,15).
“Aquietai-vos e sabei que Eu sou
Deus” (Sl.46:10) é ainda uma importante regra hoje. Deus é Deus. Ele não
entrega Sua glória ou soberania para ninguém. Ninguém pode obrigar Deus a agir.
A autoridade do crente existe
apenas na vontade de Deus, e é responsabilidade do crente descobrir e se
conformar à vontade do Deus soberano mesmos nas coisas que deseja. As palavras
de Paulo são ainda aplicáveis: “Pelo que não sejais insensatos, mas entendei
qual seja a vontade do Senhor” (Ef.5:17).
Quando os crentes reconhecem a
soberania de Deus e de modo apropriado tornam-se preocupados com a vontade de
Deus, eles não falarão em termos de obrigar Deus ou usar o poder de Deus. Eles
falarão em se tornar servos obedientes. Eles desejarão se tornar instrumentos
submissos nas mãos de Deus.
Os crentes devem aplicar o teste prático
Revendo os esforços daqueles que
defendem este ensino da confissão positiva, fica evidente que o apelo básico é
para aqueles que já são cristãos que vivem em uma sociedade farta. Eles
encorajam um elitismo espiritual em seus aderentes, dizendo: “Nós cremos nas
mesmas coisas que vocês. A diferença é que nós praticamos o que cremos”.
Um teste prático de uma crença é
se ela tem uma aplicação universal. O ensino tem significado apenas para quem
vive em uma sociedade farta? Ou isto também funciona entre os refugiados do mundo?
Que aplicação tem este ensino para os crentes presos por sua fé por governos
ateístas? Estão aqueles crentes que sofrem martírio ou graves prejuízos físicos
nas mãos de ditadores cruéis e implacáveis abaixo do padrão?
A verdade da Palavra de Deus tem
aplicação universal. Ela é tão efetiva nos bairros pobres quanto nos subúrbios.
Ela é tão efetiva na selva quanto na cidade. Ela é tão efetiva em uma nação
estrangeira quanto em nosso próprio país. Ela é tão efetiva tanto em nações
pobres como entre as nações ricas. O teste do fruto é ainda o único caminho
para determinar se um mestre ou um ensino é de Deus ou do homem: “Pelos seus
frutos os conhecereis” (Mt.7:20).
Os crentes devem lidar cuidadosamente com a palavra “Rhema”
Em virtude de haver muito pouco
literatura entre os que expõem o ensino da confissão positiva a respeito da
palavra grega “Rhema”, é necessário considerá-la como usada primariamente em
comunicação oral.
Uma distinção é feita geralmente
pelos defensores deste ensino entre as palavras “logos” e “rhema”. A primeira —
dizem eles — refere-se à “palavra escrita”; a segunda, para o que é
presentemente falado pela fé. De acordo com esta doutrina, tudo aquilo que é
falado pela fé se torna inspirado e toma conta do poder criativo de Deus.
Há dois grandes problemas nesta
distinção. Por primeiro, a distinção não é justificado pelo uso em o Novo Testamento Grego ou na
Septuaginta (a versão grega do Antigo Testamento). As palavras são usadas como
sinônima em ambos.
No caso da Septuaginta, tanto
“rhema” quanto “logos” são usadas para traduzir a única palavra hebraica dabar, que é usada em vários meios
relacionados com a comunicação. Por exemplo, a palavra dabar (traduzida “Palavra de Deus”) é usada tanto em Jr.1:1 quanto
em Jr.1:2. Mas, na Septuaginta, é traduzida “rhema” no versículo 1 e “logos” no
versículo 2.
As distinções entre logos e rhema não podem ser sustentadas pela evidência bíblica. A Palavra
de Deus, quer seja referida como logos,
quer seja referida como rhema, é
inspirada, eterna, dinâmica e miraculosa. Se a Palavra foi escrita ou falada,
isto não altera seu caráter essencial. “Toda a Escritura divinamente inspirada
é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em
justiça; para que todo homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído
para toda a boa obra” (II Tm.3:16,17).
Um segundo problema também existe
para aqueles que fazem distinção entre as palavras logos e rhema. Passagens
das Escrituras são algumas vezes selecionadas sem atenção ao contexto ou à
analogia da fé, que eles reivindicam ser “palavras de fé”. Neste tipo de
aplicação do assim chamado princípio rhema,
os defensores desta doutrina estão mais preocupados em fazer a Palavra
significar o que eles querem que ela signifique do que se tornar no que a
Palavra quer que eles se tornem. Em alguns exemplos, torna-se óbvio que eles
amam Deus mais pelo que Ele faz e não pelo que Ele é.
É importante que os crentes
evitem qualquer forma de existencialismo cristão que isola passagens das
Escrituras do contexto e faz algumas passagens eternas e outras,
contemporâneas.
Conclusão
Ao se considerar qualquer
doutrina, é sempre necessário perguntar se ele está em harmonia com o ensino
total das Escrituras. Uma doutrina baseada em menos do que uma visão global da
verdade bíblica pode apenas trazer dano para a causa de Cristo. Ela pode mesmo
ser mais danosa do que doutrinas que rejeitam as Escrituras totalmente. Algumas
pessoas aceitarão mais facilmente algo como verdadeiro se ela está relacionada
com a Palavra de Deus, mesmo se o ensino é uma ênfase extrema ou contradiz
outros princípios das Escrituras.
A Palavra de Deus firmemente ensina
grandes verdades como a cura, a provisão das necessidades e a autoridade dos
crentes. A Bíblia também ensina que uma mente disciplinada é um importante
fator para a vida vitoriosa. Mas estas verdades devem ser consideradas na
estrutura do ensino total das Escrituras.
Quando abusos ocorrem, há,
algumas vezes, a tentação para deixar de crer nestas grandes verdades da
Palavra de Deus. Em alguns casos, pessoas abandonam Deus totalmente quando
descobrem que ênfases exageradas nem sempre encontram suas expectativas ou
resultam em liberdade de seus problemas.
O fato de que aberrações
doutrinárias se desenvolvem, não é razão para rejeitar ou manter silêncio a
respeito delas. A existência de diferenças de opinião é, antes de tudo, a maior
razão pela qual os crentes devem continuar diligentemente a pesquisar as
Escrituras. É por isto que os servos de Deuspodem fielmente declarar todo o
conselho de Deus.
Concílio Geral das Assembleias de
Deus
Fonte: http://ag.org/top/Beliefs/Position_Papers/pp_downloads/pp_4183_confession.pdf
Acesso em 16 dez. 2011
Tradução de Caramuru Afonso
Francisco.
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