O Ateísmo e Eu

Por Francikley Vito
Por algum tempo, tenho lido algumas reportagens e artigos que, de certa forma, me assustam; não por causa do tema abordado – o ateísmo – mais por razões um pouco menos religiosas, digamos assim. O grande problema é que ao pensarmos em ateísmo sempre jogamos a responsabilidade para o outro, e nunca consideramos a nossa própria responsabilidade como servos de Deus. O chamado “silêncio dos bons”.

O assunto ateísmo ganhou vulto nacional quando, no último dia 27 de julho, o apresentador José Luís Datena, da TV Bandeirantes, resolveu fazer em seu programa uma enquete em que pedia que as pessoas entrassem em contato com a emissora para dizer se criam ou não em Deus. Por mais que pareça estranho, os “nãos” chegaram a números consideráveis. O que causou grande indignação no apresentador, e repercussão na mídia em geral.

Dias antes (21/07), os internautas foram sacudidos pelas declarações do humorista Chico Anysio, que, por ocasião da morte trágica do filho da atriz Cissa Guimarães, publica em seu blog o texto “Deus? Que Deus?” em que não só duvida da existência de Deus, mas deixa “a disposição toda sua parte de Deus”; assumindo assim seu ateísmo. O humorista vocifera:

“Para onde Deus estava olhando quando isto aconteceu? Para onde ele olha enquanto negras magérrimas juntam areia a um pouco de água suja e dão para seus filhos na esperança de o salvar? Não é Ele que tudo sabe e que tudo vê? E como não vê o eterno inferno em que vivem judeus e palestinos por causa de dois palmos de terra? Deus é onipresente? E quando o Bruno matou ou mandou matar a mulher que lhe dera um filho e dele desejava o dinheiro suficiente para a criança sobrevier? Deus é onisciente? Então ele sabia que o Rafael teria que morrer naquele dia, naquela hora e daquele modo. Sendo assim, meus amigos eu deixo à disposição de todos a minha parte de Deus porque se Ele tem e é tantos “onis” e o mundo está como está [...]”. [1]

Depois de receber mais de cem comentários, dentre eles muitos “crentes”, Chico Anysio resolve responder hasteando uma “Bandeira Branca” naquilo que mais parecia uma guerra de palavras, ofensas e pretensos argumentos a favor, e contra (!), a existência de Deus.

Em artigo publicado no site da Folha (05/08), para comentar as palavras do apresentador Datena, o articulista Hélio Schwartsman traz dinovo o assunto à cena. Segundo ele “é bastante razoável supor que, devido ao preconceito, muitos ateus ‘se escondam’ na categoria ‘sem religião’ ou dos que se recusam a revelar sua crença”.[2] Se assim for, o número de ateus em nossa país seria muito maior do que os 7,4% (cerca de 12,5 milhões) da população, segundo o IBGE. Isso contando os “sem-religião”.

O Ateismo está crescendo no Brasil, algo que outrora era velado, agora se torna público e razão de orgulho. Ser ateu agora não é mais motivo para esconder-se, mas para mostrar-se.

Pensar nessas coisas me traz algum desconforto como Igreja. Afinal de contas, não cabe a nós a função de pregar o evangélho como o “poder de Deus para Salvação”? Será que não cabe a nós a responsabilidade de mostrar Cristo ao mundo por meio de nossas palavras; e, principalmente, por meio de nossas ações? Aqui uma pergunta desconsertante: será que o nosso testemunho está a altura de sermos chamado “corpo de Cristo”? Ou seja, representantes visíveis do Cristo invisível? Será que a igreja não está salgando pouco um mundo sem conhecimento da Verdade? Será que estamos sendo reconhecidos por nossa marca maior, o amor? Será que as nossas açoes não estão impedindo que as nossas palavras sejam ouvidas? Será que vamos ficar inertes frente a tudo isso?

O aumento do ateismo no nosso país traz a tona duas questões principais. A primeira é se estamos pregando o genuíno Evangelho, as boas notícias; e a segunda é se estamos buscando em primeiro lugar o reino de Deus. Penso que a maioria de nós, se quisermos responder honestamente as duas questões, teremos que dizer não. Exemplo disso é anossa dificuldade em falar do Evangelho a outros. Por que Cristo morreu? O que é graça? O que é Salvação (ou condenação) eterna? Isso decorre, me parece, da nossa falta de conhecimento bíblico. Não saber falar de nossa fé, é, na maioria dos casos, não saber em que cremos.
Quanto a segunda questão, uma só colocação nos basta. Se não oramos como os outros não oram, se não lemos as Escrituras como os outros não leem, se criamos os nossos filhos como os outro criam e se lidamos com o dinheiro como os outros lidam. Que reino buscamos? Que exemplo teremos para oferecer aos que não creem em Deus?

Deus se mostra ao mundo através de nós, sua Igreja. Se as pessoas que não creem em Deus estão aumentando, duas coisas podem está acontecendo: Ou a luz irradiada pela igreja está sendo desprezada; ou a luz que deveria ser irradiada pela Igreja está tão escondida que não está podendo ser vista pelo mundo. Qual a responsta? Nós precisamos de heróis.

Nota
[1] Chico Anisyo em http://bloglog.globo.com/chicoanysio/
[2] Hélio Schwartsman em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/777922-os-ateus-e-o-mal.shtml

Comentários

  1. A paz do Senhor.

    Nobre Vito

    Concordamos com o amado, mormente no trecho "Se não oramos como os outros não oram, se não lemos as Escrituras como os outros não leem, se criamos os nossos filhos como os outro criam e se lidamos com o dinheiro como os outros lidam. Que reino buscamos? Que exemplo teremos para oferecer aos que não creem em Deus?"

    O que temos presenciado é o chamado protestantismo não praticante.

    Que o Eterno tenha muita, mas muita misericórdia de todos nós.

    Nós precisamos de sal!

    Abraços,

    Artur Ribeiro

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  2. Querido Artur,
    A Paz de Cristo. Obrigado pelo seu comentário e que Deus nos ajude a todos na tarfa de fazer Jesus conhecido ao povos. Um abraço.

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  3. Poderia, sair do seu blog sem nem comentar, mas a reflexão e as verdades ditas são de tamanha relevância que é impossível não tentar responder essa questão. Creio que uma pequena parte estão de fato desprezando essa Luz e a outra não consegue ver direito essa Luz porque Ela está ofuscada por tantas outras coisas.
    Paz meu irmão Deus te abençoe.

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