O Ministério Profético Após o Arrebatamento 3/3

Por Caramuru A. Francisco

II – O MINISTÉRIO PROFÉTICO NO REINO MILENIAL DE CRISTO

A Grande Tribulação termina com a vitória de Jesus sobre os exércitos do Anticristo e do Falso Profeta que, congregados no vale do Armagedom, estarão prontos para exterminar o remanescente fiel de Israel, que se encontrará entrincheirado nos montes da Judeia (Jl.3:11-21).

O Senhor Jesus, sete anos após o pacto entre o Anticristo e Israel, surgirá glorioso nas nuvens, com a Igreja, e pessoalmente tratará de trazer livramento e salvação a Israel (Is.63:1-6; Ap.19:11-21). Os israelitas remanescentes, ao verem o Senhor nos ares, O aceitarão como o Messias, convertendo-se ao Senhor Jesus (Zc.12:8-13:6).

Diante desta conversão, Israel receberá o Espírito Santo, que será derramado sobre toda a nação, ocorrendo, assim, o cumprimento cabal da profecia de Joel, que só foi parcialmente cumprida no dia de Pentecostes (Jl.2:28-32). Com a palavra o pastor João Maria Hermel: “…Israel buscará a Deus, começando assim o derramamento do Espírito Santo. Vejamos isso na profecia de Joel 2.20, o Senhor destroçando os invasores e em Joel 2.28, a promessa do derramamento do Espírito Santo. Essa promessa teve cumprimento parcial no Dia de Pentecostes (At.2.16,17) e terá pleno cumprimento onde muitos judeus serão salvos. Uma evidência é que no Dia de Pentecostes não se cumpriram os sinais preditos em Joel 2.30,31, o que ocorrerá somente durante a Grande Tribulação (Mt.24.29; Ap.6.12-14; At.2.19,20).…” (op.cit., p.62).

Este derramamento do Espírito Santo sobre todo o povo de Israel cumprirá o desejo manifestado por Moisés a Josué: “…Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o Seu Espírito!” (Nm.11:29b). Por isso, aliás, o profeta Zacarias informa que não haverá mais profetas para o povo de Israel, visto que cada um terá o Espírito Santo e não precisará mais de profetas para se chegar a Deus (Zc.13:2-5).
OBS: É interessante notar que o judaísmo entende que Israel se tornou uma nação de profetas ao passarem o Mar Vermelho, pois, então, aí, teriam tido uma experiência sobrenatural, que os capacitaram a ser profetas. “…No Egito, os judeus presenciaram ocorrências sobrenaturais, mas quando o Mar dos Juncos [O Mar Vermelho, observação nossa] se abriu ao meio, todos os judeus adquiriram a condição de profetas. Está escrito mo Midrash [interpretações não literais de textos bíblicos feitos pelos mestres judaicos desde Esdras até por volta do século IV d.C. – observação nossa] que mesmo o mais simples dos judeus ‘viu no Mar de Juncos o que não fora visto nem pelo profeta Ezequiel’(…). No sétimo e último dia de Pessach ~[Páscoa, observação nossa] todos os judeus se tornaram profetas. D’us se tornou uma realidade tão palpável que, na Canção do Mar, entoada pelo Povo Judeu em louvor a D’us por sua salvação, as crianças proclamaram: ‘Este é meu D’us!’ indicando claramente perceber a Presença Divina…” (TRÊS níveis de percepção do Divino. In: Morashá, ano XVII, mar. 2010, n.67, p.9). Este pensamento é interessante, pois nos mostra, claramente, que, a partir da experiência no Mar Vermelho, Israel foi se descredenciando para ser uma nação de profetas, já que não pôde se tornar apto para receber a promessa de Abraão, recebendo, diante disto, a lei no monte Sinai, o que explica a frustração de Moisés na sua afirmação a Josué.

Sobre esta realidade, também, fala-nos o profeta Daniel, que, na profecia das setenta semanas, teve a revelação divina de que a profecia e a visão cessariam para o seu povo, i.e., para Israel, após setenta semanas, contadas da ordem para a reconstrução de Jerusalém. Como já dissemos supra, falta ainda uma semana para que tal se realize e esta semana findará, precisamente, no término da Grande Tribulação, com a derrota do Anticristo e do Falso Profeta pelo Senhor Jesus, na batalha do Armagedom (Dn.9:24).

Convertido ao Senhor Jesus, Israel poderá cumprir o propósito divino de ser o reino sacerdotal e povo santo, propriedade peculiar de Deus dentre os povos (Ex.19:5,6), motivo por que as nações todas, através de Israel, adorarão ao Senhor, vindo a Jerusalém anualmente, por ocasião da Festa dos Tabernáculos (Is.66:18-23; Zc.14:16-21).

Jesus reinará não só sobre Israel mas sobre o mundo inteiro, como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Teremos entrado no reino milenial de Cristo, estando tanto Israel quanto a Igreja a reinar com o Senhor e a exercer o papel sacerdotal (Ap.1:6,7; Is.66:21,22).

Haverá ministério profético durante o reino milenial de Cristo? A resposta é afirmativa. Embora as Escrituras informem que não haverá mais profetas para o povo de Israel, o certo é que, na profecia de Joel, é dito que os filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão visões e os velhos sonharão sonhos (Jl.2:28).

Em Israel, dada a plenitude do Espírito Santo, não se fará mais necessário haver profecias, pois se estabelecerá o novo concerto, profetizado por Jeremias, onde haverá perfeita comunhão entre Cristo e Israel (Jr.31:31-34), numa dimensão toda especial, pois terão alcançado a salvação de forma definitiva (Rm.11:25-27), ainda que num patamar inferior ao da Igreja glorificada, que, a esta altura, também não mais precisará do ministério profético, pois já terá atingido, desde o arrebatamento, a perfeição (I Co.13:9,10).

Com relação às demais nações, todavia, o ministério profético continuará sendo necessário e os profetas serão, precisamente, os israelitas, os quais prosseguirão o trabalho iniciado pelos 144.000 assinalados durante a Grande Tribulação. Como reino sacerdotal, Israel, que terá um templo em Jerusalém (o templo descrito por Ezequiel, nos capítulos 40 a 46), organizará o culto ao Senhor, mas, também, como propriedade peculiar dentre os povos, será a nação de profetas almejada por Moisés, levando o conhecimento de Deus às nações e as trazendo à adoração (Is.66:19).

Por isso é dito que os filhos e as filhas dos israelitas profetizarão, que seus mancebos terão visões e que seus idosos sonharão sonhos, porquanto a eles será dado o ministério profético durante o milênio. Israel não só oferecerá sacrifício das nações a Deus, como também promoverá o conhecimento da verdade a todas as nações, comunicando-lhes a vontade de Deus.

Ao término do milênio, quando Satanás for solto, far-se-á a grande opção daquela geração longeva de todas as nações e muitos, apesar de tudo quanto ouviram da parte do Senhor, serão enganados pelo inimigo e destruídos na rebelião final (Ap.20:7-10).

Só, então, quando passarem estes céus e terra (Ap.20:11; 21:1), cessará o ministério profético, sobrevindo, então, o juízo do trono branco (Ap.20:12-15). Após este julgamento, com o fim da história, todos os homens que creram em Cristo Jesus desfrutarão da dimensão eterna, onde não será mais necessária a profecia, visto que todos estarão em plena comunhão com o Senhor (Ap.21:3).

Notemos, por fim, que, a partir da complementação das Escrituras, todos os profetas são orais, não reduzem a escrito suas mensagens, visto que as Escrituras se completaram (Ap.22:18,19).

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