O Dever do Sexo no Casamento

Por Angus Stewart

Estamos agora numa posição mais adequada para analisar o pecado de um casamento sem sexo (assumindo que o sexo é fisicamente possível). É roubo não entregar o que é devido. É roubar o seu próximo mais chegado, a saber, o seu próprio cônjuge. É defraudar ele ou ela (5). Isso introduz a idéia de engano e fraude. O casamento, por definição, inclui dar-se ao seu cônjuge. Ao recusar se entregar sexualmente, como prometeu, você comete traição. Isso está fundamentado no egoísmo, o desejo de fazer o que quiser com o seu corpo e não o que o seu cônjuge quer. Esse egoísmo brota da incredulidade, a falta de fé na união vital e espiritual entre Cristo e a Sua igreja que o seu casamento e relação sexual deveriam retratar.

O pecado tem conseqüências. Deus julgará e castigará você por ele. Seu cônjuge será ferido, seriamente ferido. Recusar seus desejos sexuais é algo cruel. Ignorar ou ser indiferente para com ele ou ela é impiedade. Cristo não trata assim a Sua esposa! Seu cônjuge se sentirá insatisfeito, trapaceado e provavelmente se tornará (pecaminosamente) amargo e ressentido. Assim, seu casamento sofrerá. A intimidade física de todos os tipos se secará e você perderá a intimidade emocional e espiritual também.

Pecados maritais impendem as suas orações (I Pedro 3:7). As orações nas devoções em família se tornam difíceis; as orações ficam sem resposta. A leitura da Escritura também se torna um dever árduo. Eventualmente isso pode levar a devoções em família infreqüentes ou à completa negligência.

Nenhuma relação sexual no casamento também torna o seu cônjuge mais vulnerável ao pecado de adultério Lembre-se: um dos propósitos do casamento é evitar a fornicação (2; cf. Pv. 5:18-20). Satanás tem um interesse no seu leito matrimonial. Ele anda em derredor, "buscando a quem possa tragar" (I Pedro 5:8). Não vos defraudeis!

I Coríntios 7:3-5 ensina parte do chamado de maridos e esposas. Eles não devem permitir que se tornem sexualmente indiferentes para com seus cônjuges. Não há lugar para escusas mentirosas: "Estou com dor de cabeça". Isso não é uma licença para explorar ou abusar do seu cônjuge. Nem é um incentivo à tirania masculina. O marido é o cabeça que deve "alimentar" e "sustentar" a sua esposa (Ef. 5:29). I Coríntios 7:3-4 enfatiza a igualdade entre marido e mulher: o marido deve dar a "devida benevolência" à sua esposa, e "igualmente" a esposa ao seu marido (3), e o marido tem autoridade sobre o corpo da sua esposa, "também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher" (4). Assim, no sexo – como em todas as coisas, exceto no pecado—o marido e a esposa cristãos devem procurar agradar um ao outro, e não a si mesmos, pois o amor "não busca os seus interesses" (I Co. 13:5).

Qual então é o papel do sexo no casamento? Primeiro, sexo não é a única coisa no casamento. Êxodo 21:10, uma lei regulando (embora não requerendo ou aceitando) a poligamia, declara: "Se lhe tomar outra, não diminuirá o mantimento desta, nem o seu vestido, nem a sua obrigação marital." A "obrigação marital" (Ex. 21:10) é a "devida benevolência" (I Co. 7:3), ou relação sexual. Providenciar comida e roupa para a esposa também é mencionado. (Incidentalmente, por que jovens cristãos estão namorando ou noivando, se não estão numa posição de sustentar uma esposa, mesmo num futuro previsto?) Ainda mais fundamental, os maridos devem amar suas esposas e as esposas devem se submeter aos seus maridos (Ef. 5:22-33). Além do mais, os maridos devem governar suas esposas em amor e elas devem ser auxiliadoras de seus maridos (Ef. 5:22-33; Gn. 2:20s.). Isso envolve 101 deveres de um para com o outro.

Segundo, o sexo não é a principal coisa no casamento. A coisa principal é o relacionamento pactual no Senhor (Ml. 2:14). Aqueles que fazem do sexo a coisa principal no casamento ficarão dolorosamente desapontados.

Terceiro, sexo não é a base para o casamento. A verdade da Palavra de Deus é o fundamento do casamento cristão. A amizade pactual de um pelo outro é baseada sobre essa unidade na doutrina da Palavra de Deus em Cristo.

Onde então o sexo entra no casamento? Primeiro, deve haver o amor de Deus em seu coração por seu cônjuge. Fluindo desse amor, e como uma expressão desse amor, está a bênção da relação sexual. Assim, embora o sexo no casamento seja um chamado e um dever, ele é mais que um dever. É uma coisa alegre e prazerosa, deliberada e natural, uma expressão de amor mútuo e um retrato da união de Cristo com a Sua noiva, a igreja.

Há uma exceção ao dever do sexo no casamento (além daquele da impossibilidade física) se três condições forem satisfeitas. Primeiro, deve ser "por consentimento mútuo" (I Co. 7:5)—não uma decisão unilateral do marido ou da esposa, mas de ambos. Segundo, deve ser "por algum tempo" (5)—não para o resto de suas vidas, ou por anos, mas por um período específico. Mais tarde eles devem se "ajuntar outra vez" sexualmente (5). Terceiro, a abstinência sexual deve ser "para vos aplicardes ao jejum e à oração" (5)—não porque eles simplesmente estavam com vontade. Deus colocou certo peso em seus corações, de forma que os prazeres de comer e ter sexo são postos de lado por um tempo, para que possam se focar melhor em buscar a Deus. Todas as três condições devem ser satisfeitas—consentimento mútuo, curta duração e propósito religioso (para oração e jejum)—para um período de abstinência sexual. Onde todas as três condições não são satisfeitas, a "devida benevolência" da relação sexual permanece.

I Coríntios 7:3-5 contém várias lições vitais. Primeiro, a relação sexual é a regra no casamento (e a exceção é rara e curta). Segundo, Maria não foi uma virgem perpétua. O Concílio de Trento de Roma lançou um anátema sobre todos aqueles que negassem que Maria jamais teve relação sexual com o seu marido, José, após o nascimento de Cristo, mas Deus requer que as esposas dêem a "devida benevolência" aos seus maridos (3-5). Terceiro, a passagem assume que um casal cristão pode escolher jejuar e orar juntos. Você alguma vez já desistiu de comida e sexo, para buscar a face de Deus com maior fervor? Quarto, não há nada vergonhoso ou impuro numa relação sexual. Aparentemente, alguns em Corinto enalteciam a virgindade até o céu e/ou exigiam o celibato no casamento, visto que a relação sexual era vista como de certo modo questionável em santidade ou pureza. "Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula" (Hb. 13:4). 

Essa visão deturpada sobre casamento e sexo não é encontrada apenas no Romanismo. John Wesley ensinou a superioridade da virgindade ao casamento, e em geral aconselhava contra o casamento. Ele foi irremediavelmente influenciado por sua leitura dos pais da igreja primitiva e de autores católico-romanos (que lançam dúvidas sobre a bondade do casamento e do sexo). Mesmo quando Wesley se casou, ele mostrou um mau exemplo, pois, em geral, negligenciava sua esposa e o relacionamento deles era "distante e infeliz" (Stephen Tomkins, John Wesley, p. 167). Quinto, I Coríntios 7 implica que marido e esposa falam sobre assuntos sexuais juntos, pois entram em "consentimento" para se abster por um tempo por razões religiosas (5). Em geral, os maridos e esposas cristãos devem procurar agradar um ao outro, e viver sob o senhorio de Cristo no casamento e no sexo.

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