Wolfhart Pannenberg Fala de Secularismo e Liberdade

Num ambiente secular, mesmo um conhecimento elementar do Cristianismo – sua história, ensinamentos, textos sagrados, e figuras formativas – se enfraquece. Não é mais uma questão de rejeitar os ensinamentos Cristãos; um enorme número de pessoas sequer tem o mais vago conhecimento de quais ensinos são esses. Isso é um desenvolvimento notório quando considera-se quão fundamental o Cristianismo é para toda a história da cultura Ocidental. Quanto mais ampla for a ignorância em relação ao Cristianismo, maior será o preconceito contra o Cristianismo. Assim, pessoas que não sabem nem a diferença em Saulo de Tarso e João Calvino acham que tem toda certeza de que o Cristianismo foi provado como uma religião de opressão. Quando tais pessoas se interessam por religião ou “espiritualidade” – sendo esse interesse uma reação natural à superficialidade da cultura secular – elas frequentemente não se voltarão para o Cristianismo, mas sim para “religiões alternativas”.

A idéia predominante de liberdade nas nossas sociedades hoje, é claro, é a idéia de que cada pessoa tem o direito de fazer o que quiser. Liberdade não está ligada a nenhuma noção do bem como constituinte da própria liberdade. Por causa da incompletude da existência humana na história, qualquer idéia de liberdade envolve o risco de abuso. Mas isso não faz muita diferença na questão de se a distinção entre uso e abuso da liberdade é cumprida. Quando não é cumprida, é possível desafiar a igualdade entre liberdade e permissão. A ambigüidade construída na moderna idéia de liberdade nos ajuda a entender a ambivalência da cultura secular no que diz respeito aos valores em geral, o nervosismo em afirmar os conteúdos e padrões pelos quais a própria cultura é definida. No que diz respeito aos valores e tradições culturais, assim como alegações de verdade, prevalece uma atitude consumista. Cada um escolhe de acordo com suas preferência e suas necessidades. A separação da idéia de liberdade de uma idéia de verdade e do bem é a grande fraqueza das sociedades secularizadas.


Fonte
http://despertaibereanos.blogspot.com/2008/09/como-pensar-sobre-o-secularismo.html

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