"Mensagem da Dilma" Não Convence: Candidata Insiste em Tentar Enganar Eleitor Religioso do Brasil

Por GIBEÁ*

Instada por lideranças evangélicas, aliás as mesmas que a apoiaram no primeiro turno da eleição, a candidata governista à Presidência da República apresentou uma “mensagem da Dilma” com o objetivo de “pôr um fim definitivo à campanha de calúnias e botos espalhados por meus adversários eleitorais”.

Por primeiro, desde logo, vemos que a candidata governista não alterou a MENTIRA de chamar de “calúnias e boatos” uma série de fatos que foram apresentados por lideranças religiosas e não-religiosas em todo o país, principalmente pela internet, que nada mais são que documentos, projetos de lei e afirmações oriundas do próprio Partido dos Trabalhadores (PT), quando não da própria candidata que, em 4 de outubro de 2007, em entrevista dada à Folha de São Paulo e à UOL, disse que era um abusrdo o fato de o aborto ainda ser crime no Brasil.
Desde logo, portanto, ao não admitir os fatos apresentados amplamente pelo país, a candidata deixa de atender um requisito essencial do Evangelho, que é o de falar a verdade, de não mentir, pois, como ensina a Bíblia Sagrada, a mentira é a principal característica do inimigo de todos nós — o diabo (Jo.8:44).

Lembramos que, juntamente com seu apelo aos brasileiros e às brasileiras, os bispos católicos romanos da Regional Sul 1 da CNBB apresentaram um documento com mais de 60(sessenta) páginas, mostrando, claramente, que o PT (Partido dos Trabalhadores) adotou como ponto programático a descriminalização do aborto, como também o pastor Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, em mensagem veiculada pela internet, disse ter presenciado, em audiências públicas, no Congresso Nacional, a atuação em bloco do PT em favor da legalização do aborto.

Começou, portanto, muito mal a “mensagem da Dilma”, que, se fosse verdadeira, autêntica e leal, deveria se iniciar com uma retratação, com o reconhecimento de um erro e de uma mudança de posição, o que, aliás, é o primeiro requisito da pregação do Evangelho de Jesus Cristo, que conclama a todos os homens se arrependerem de seus pecados e crer no Evangelho (Mc.1:15).

Por segundo, volta a insistir que ela é “pessoalmente contra o aborto” e que “defende a manutenção da legislação atual sobre o assunto”. Tal compromisso é totalmente inócuo. Queremos saber se Dilma vai mudar o programa partidário do PT, se tem forças para isto, pois de nada adianta ela ser “pessoalmente contra o aborto” e o seu partido ameaçar de expulsão e perda de mandato, inclusive o de Presidente, quem for contra a descriminalização do aborto.

Como bem afirmou o Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, ex-reitor do Seminário Arquidiocesano de Cuiabá/MT, em mensagem veiculada no último dia 12 de outubro no YouTube, não se trata de sabermos a posição pessoal deste ou daquele candidato, mas de analisar os projetos e programas de governo preconizados e defendidos pelos grupos políticos que se encontram atrás desta ou daquela candidatura.

O que se quer saber é se o candidato a vice-presidente de Dilma, o Sr. Michel Temer, que há mais de ano está com o projeto de lei que descriminaliza o aborto, vai colocar o projeto na pauta, para que ele seja imediatamente rejeitado, ou se vai continuar “cozinhando o galo”, aguardando a nova maioria pró-PT assumir, no ano que vem e, assim, cumprir os compromissos assumidos pelo governo Lula diante das Nações Unidas de descriminalizar o aborto no Brasil.

O que se quer saber é se o Presidente Lula, desde já, ou Dilma, se eleita, vai retirar o apoio do Brasil ao chamado “Consenso de Brasília”, documento assinado pelo Brasil em julho último no âmbito da ONU, como também modificar o “Plano Nacional de Política de Mulheres”, que prevê a legalização do aborto, medidas que independem do Congresso Nacional e, com isso, provar que o aborto será abandonado como “política de saúde pública” a partir de agora pelo PT e seus governos.

Dilma não prometeu fazer coisa alguma disso e, portanto, seu compromisso é absolutamente inócuo e não muda coisa alguma do que já disse até aqui.
Por terceiro, Dilma volta a insistir que não tomará nenhuma iniciativa para legalizar o aborto no Brasil. Mas, e os projetos que já estão no Congresso Nacional prontos para ser votados, graças a uma atuação sobre-humana do PT para evitar seus arquivamentos? Dilma continua achando que o povo brasileiro é ignorante…

A mesma coisa com relação às nefandas propostas da 1ª CONFECOM, que cerceiam a pregação do Evangelho nos meios de comunicação de massa (rádio e televisão). Dilma vai pedir para que os deputados federais já contatados pelo seu “companheiro de armas”, o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, deixem de apresentar projetos de lei para implementar estas medidas? Não adianta Dilma dizer que não vai mandar projetos de lei, se o PT e o governo Lula já decidiram que seus parlamentares o farão. É, aqui sim, uma tentativa de engano, uma mentira que se quer impor ao povo religioso deste país, notadamente o povo evangélico!

Por quarto, Dilma diz que o PNDH-3 está sendo revisto. Entretanto, a Secretaria Especial de Direitos Humanos, diante da repercussão negativa da sociedade, no final de 2009, fez uma comissão e reviu o projeto, apenas “trocando seis por meia dúzia”, como este grupo de estudos já analisou em artigo próprio, não havendo qualquer comissão ou grupo de trabalho, atualmente, que esteja a rever este decreto que, como ato do Poder Executivo, poderia ser simplesmente revogado, como sugeriu, a propósito, o ex-governador do Rio de Janeiro e deputado federal eleito, Anthony Garotinho (PR/RJ).

Onde está a prova de que o PNDH-3 está sendo revisto? Não será apenas um “boato” para “exploração eleitoral”? Onde está o ato do Presidente da República ou do Secretário Especial de Direitos Humanos pelo menos criando uma comissão ou grupo de trabalho para revisão do PNDH-3? Quer que acreditemos apenas na palavra da candidata que, aliás, foi, como ministra-chefe da Casa Civil, que fez a revisão final e deixou sair o decreto do que jeito que ele está?

O Presidente Lula não participou da referida reunião que suscitou a presente “mensagem da Dilma” (Presidente que não quis ser fotografado, talvez porque tenha vergonha de ser visto entre evangélicos…)? Por que, então, não manda seu porta-voz dizer que pontos serão revistos? Por que não baixou um decreto criando a referida comissão ou grupo de trabalho, como, aliás, fez no início do ano, depois da grita dos militares com relação à tal “comissão da verdade”?

Mas não é só!

Em que pontos o PNDH-3 será revisto? O que promete Dilma para o povo religioso do Brasil? Onde a revisão feita no início do ano não andou bem?

Dilma nada esclarece, querendo, simplesmente, que confiemos na sua “intenção”, mesmo depois de ter sido a principal responsável pela redação final do PNDH-3, na qualidade de ministra-chefe da Casa Civil.

Por quinto, com relação ao PLC 122/2006, atualmente no Senado, Dilma prometeu só sancionar os artigos que não prejudiquem a liberdade religiosa. Que artigos são esses? Por que ela não diz que artigos vetará caso sejam aprovados? O projeto já está pronto para ser votado? Por que não diz claramente o que vai vetar, já que quer “pôr fim definitivo a boatos e calúnias”?

Aliás, como a relatora do projeto é a senadora Fátima Cleide, do PT, por que Dilma não chama a senadora e diz para ela que artigos estão em desacordo com a “liberdade religiosa” e já altera o texto, agora mesmo, no Senado?

Por que o líder do governo no Senado Federal, o senador Romero Jucá (PMDB/RR), não apresenta um substitutivo com a retirada dos artigos que Dilma diz que vai vetar e que, por sinal, não sabemos quais são?
Quem quer “pôr fim definitivo a boatos e calúnias” deixa tudo claro, diz com o que concorda e com o que não concorda. Como ensina o Senhor Jesus, nosso falar deve ser “sim,sim, não, não” pois o que sai disso é de procedência maligna (Mt.5:37).

Como confiar no que Dilma diz, se ela não diz o que entende que cerceia a liberdade religiosa e, por isso, vai vetar? Nós, religiosos, que seremos atingidos por esta lei, se aprovada, não temos o direito de saber, desde já, o que será vetado, ou não? Não é este o objetivo apresentado pela candidata em sua mensagem?
Ou está, simplesmente, querendo que nós acreditemos em sua “boa vontade”, depois que o PT, há anos, tem tentado sempre atingir nossa liberdade de culto e de crença com este famigerado PL 122/2006 que, segundo a ex-deputada Iara Bernardi e a quase ex-senadora Fátima Cleide, ambas do PT, não viola, em nada, a liberdade religiosa e, portanto, não tem de ter veto algum?

Por sexto, dizer que pretenderá tomar medidas “a favor da família”, dando como exemplo programas de distribuição de renda e de habitação, é um acinte ao povo cristão, que vê na família muito mais do que sobrevivência material, do que “dinheiro no bolso” ou “teto para abrigo”, mas uma instituição divina, cujo modelo se encontra nas Escrituras e que é a célula mater da sociedade, uma instituição a quem Deus confiou “…a missão de guardar, revelar e comunicar o amor, qual reflexo vivo e participação real do amor de Deus pela humanidade e do amor de Cristo pela Igreja, sua esposa.…” (Papa João Paulo II. Exortação apostólica Familiaris consortio, n.17).

Dilma revela aí, pois, toda a concepção materialista e anticristã que está tentando demover os religiosos de enxergar em seu programa de governo e em seu partido político, no projeto que pretende, no Brasil, transformar “a condição de governo” em “condição de poder”, como esclarecido na última reunião do Foro de São Paulo, organização de partidos políticos dirigidda pelo PT.
Por tudo isto, vemos que a “mensagem da Dilma” não convence e não representa qualquer mudança de posição no que vimos e ouvimos até o momento, nestes 31(trinta e um) anos de PT e nestes quase 8(oito) anos de governo Lula.

Definitivamente, a “mensagem da Dilma” deve ser ouvida com discernimento evangélico: Dilma e sua coligação continuam sendo uma ameaça à liberdade religiosa no Brasil. Cristão genuíno não vota em Dilma.



* Grupo Interdisciplinar Bíblico de Estudos e Análises – grupo informal de estudos bíblicos nascido na década de 1990 no corpo docente da Faculdade Evangélica de São Paulo (FAESP) e que hoje tem vida autônoma e esporádica produção.

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