Uma Única Razão Para Não Votar em Dilma: A Verdade 1/3

Por GIBEÁ*

Diante da repercussão negativa que a candidatura da sra. Dilma Roussef teve entre os cristãos do Brasil, sua competentíssima equipe de campanha iniciou uma exitosa cooptação junto a algumas lideranças religiosas, como também se lançou a uma contrapropaganda, a fim de convencer e persuadir o eleitorado religioso do país a votar na chapa da coligação “Para o Brasil seguir mudando” (PT/PMDB/ PDT/ PC do B/ PSB/ PR/ PRB/ PTN/ PSC/PTC).

Dois foram os documentos produzidos pela campanha dilmista com este objetivo: a cartilha “Treze motivos para o cristão votar em Dilma” e a “Carta aberta ao povo de Deus”.

Como são dois documentos trazidos à sociedade, mais especificamente aos cristãos brasileiros, entendemos ser de nosso dever analisá-los.
A cartilha “Treze motivos para o cristão votar em Dilma” apresenta treze razões pelas quais um cristão professo deveria votar na chapa Dilma Roussef-Michel Temer. Reproduzimo-los, com as devidas considerações:


Primeiro suposto motivo: “Vejo nela uma mulher madura, mãe, responsável e profundamente comprometida com nossa nação”

Este motivo não pode convencer um cristão. A maturidade alegada não nos é explicitada. A sra. Dilma Roussef é uma novata em eleições, tendo, ademais, exercido apenas cargos de confiança nas administrações de que participou. Assim, maturidade política, que é fundamental para se exercer a Presidência da República, não é uma característica sua.

Quando se investiga o pouco que sabe de sua vida familiar, também não podemos dizer que é ela mãe responsável, pois não a vimos nenhuma vez acompanhada de sua família, mal sabemos até o seu estado civil, algo que ela não revela e somente soubemos, pela imprensa, de que se tornou avó durante a campanha eleitoral. Há notícia de que manteve dois relacionamentos conjugais, o que, também, não revela indício de responsabilidade, máxime para quem se dirige ao eleitorado cristão, que tem no casamento uma instituição estabelecida por Deus.

Com relação ao seu profundo comprometimento com a nação, também nada sabemos a este respeito. A candidata participou da luta armada durante o regime militar, estando envolvida em episódios em que morreram civis, gente do povo e onde se demonstrava comprometimento apenas com a ideologia defendida, não com a sociedade.

Como se não bastasse isso, há um silêncio total quanto a sua participação nos grandes movimentos empreendidos dentro da legalidade pela redemocratização do país, o que também não nos permite dizer que seja o profundo comprometimento com a nação a razão de ser de nela votar.

Nem mesmo com o PT há este comprometimento, pois a candidata é novata no partido, tendo pertencido ao PDT até ser designada para o Ministério das Minas e Energia pelo Presidente Lula.

Definitivamente, portanto, não é por ser “mulher madura, mãe, responsável e profundamente comprometida com a nossa nação” que um cristão ou qualquer brasileiro poderá votar em Dilma.

Segundo suposto motivo: “Acredito que o Brasil está no rumo certo! Dilma é a garantia de que continuaremos neste caminho”.

Como cristãos, sabemos que o Governo Lula tem tomado uma série de medidas que contrariam a doutrina cristã, tais como o 3º Plano Nacional de Direito Humanos (PNDH-3), a 1ª Conferência Nacional de Comunicações (1ª CONFECOM), a 2ª Conferência Nacional de Cultura (a II CNC), além de ter liderado diversas iniciativas que vão contra os valores cristãos.

O programa de governo do PT, aprovado em seu IV Congresso, como também as medidas tomadas durante os dois mandatos de Lula caminham em sentido diametralmente oposto ao que ordena a Bíblia Sagrada, ao tentar cercear a liberdade de pregação do Evangelho, ao defender medidas como o aborto, a criminalização da homofobia, a profissionalização da prostituição, a legalização da união homoafetiva, a promoção dos cultos afro-brasileiros com dinheiro público, entre outros.

Sendo assim, se Dilma é “a garantia de que continuaremos neste caminho”, este é um motivo para o cristão, pelas próprias palavras da campanha da candidata, NÃO votar em Dilma.

Terceiro suposto motivo: “Dilma faz parte de uma geração que lutou pelo ideal da liberdade democrática, lutando contra a ditadura militar em nosso país”.

Mais um motivo apresentado que, para um cristão, é suficiente para não votar em Dilma. Dilma Roussef lutou, sim, contra a ditadura militar, mas na luta armada, mediante atos terroristas e com a morte de pessoas civis que não pertenciam ao aparato da ditadura militar.

O recurso à luta armada contra uma ditadura é proibido aos servos de Deus. Ao ser posto ao lado de Barabás para que o povo escolhesse entre quais dos dois “inimigos” da elite opressora deveria ser crucificado, vemos, claramente, as duas opções de enfrentamento aos poderosos: a luta armada, o homicídio e o roubo, representados por Barabás, e a pregação da verdade, representada por Jesus.

Enquanto temos alguns exemplos de casos de que Dilma participou, sempre com morte de inocentes (e é interessante observar que o Superior Tribunal Militar impediu o acesso ao processo a que respondeu Dilma durante a ditadura, escondendo os fatos do povo brasileiro), não vemos sequer uma foto de Dilma nos movimentos pacíficos e que, estes sim, trouxeram a democracia para o Brasil, como a campanha da anistia ou a campanha das diretas-já.

É importante observar que, em seus pronunciamentos a respeito, a candidata Dilma, em momento algum, demonstra arrependimento pelo que fez, dizendo-se orgulhar pelo seu passado de guerrilheira e terrorista.

Como cristãos, como irmãos do “Príncipe da Paz” (Is.9:6), a luta armada levada a efeito por Dilma faz com que o cristão NÃO vote nela para a Presidência da República, pois o cristão não é só amante da paz, mas é dominado pela paz de Deus (Cl.3:15)

Quarto suposto motivo: “Ela tem feito a opção clara de governar focada no crescimento e desenvolvimento do país, olhando pelos pobres e menos favorecidos, a mesma do evangelho do Senhor Jesus Cristo (Lucas 9:13).”

Há aqui até uma citação bíblica para impressionar o cristão, mas, lamentavelmente, também este motivo não gera a conclusão que diz apresentar. Senão vejamos.

Por primeiro, o Governo Lula, embora tenha prosseguido o que se iniciou no governo anterior e até intensificado a redução da pobreza em nosso país, isto não significou, de forma alguma, uma “opção pelos pobres”.

A concentração de renda não diminuiu sensivelmente em nosso país, tanto que as Nações Unidas apontaram, neste ano, um progresso, mas mantendo o Brasil entre os mais desiguais países do mundo. Isto se explica porque, apesar do aumento de renda entre os mais pobres, o Governo Lula facilitou enormemente a concentração de empresas e a formação de impérios empresariais, inclusive bancando com dinheiro público este processo, o que, aliás, esclarece porque Dilma recebeu mais do que o dobro de recursos das empresas para a sua campanha do que o principal candidato da oposição (mais detalhes, leia “A grande transformação é o evangelho” - http://palestranteeliasdeoliveira.blogspot.com/2010/05/grande-transformacao-e-o-evangelio-1.html).

Desta maneira, se Dilma diz que continuará a atual “opção pelos pobres”, como esta opção não é a diminuição da desigualdade, mas tão somente um “achatamento” da classe média, temos que não é isso que Jesus veio pregar e com que o cristão deve concordar.

Por segundo, o crescimento e desenvolvimento do país estão fortemente atrelados ao governo e a seus “amigos”. O crescimento tem sido direcionado para a formação de grandes grupos empresariais que, direta ou indiretamente, estão ligados ao Partido dos Trabalhadores que, inclusive, tem nas suas mãos os principais fundos de pensão, que são os grandes investidores do país.

A Bíblia mostra-nos que as autoridades constituídas devem cuidar, principalmente, da justiça, de redução de desigualdades no meio do povo (Rm.13:1-7) e este quadro somente favorece a injustiça e a concentração de renda e de poder na mão de poucos, com grave comprometimento da liberdade dos cidadãos, de sorte que não é isto que um cristão deve almejar.

Tanto assim é que, ao citar Lucas 9:13, a candidata Dilma diz que a opção feita por Jesus é a do assistencialismo. No referido versículo, Jesus manda os discípulos que “dessem de comer” aos famintos que estavam a ouvi-l’O.
Ora, se é para seguirmos Jesus, vemos, em primeiro lugar, que o Senhor estava pregando para aquela multidão, que ficou com fome depois de estar a ouvir o dia inteiro, a respeito do “reino de Deus”, curando os que necessitavam de cura (Lucas 9:11).

Deste modo, Dilma, se quisesse seguir os ensinamentos de Jesus, entenderia que a prioridade não é para o pão material, mas para o pão espiritual, para o “reino de Deus” e para a cura dos enfermos, para o Evangelho, em outras palavras. Por que, então, defende o programa de governo do PT a proibição de sublocação de espaços nas emissoras de rádio e televisão, o que praticamente impedirá a pregação do Evangelho para o povo brasileiro?

Se Dilma defende os ensinamentos de Cristo Jesus, por que quer dominar o povo pelo estômago, como disse Lula num programa do PT em 2000? Por que privilegia a entrega do Bolsa Família em vez da formação de mão-de-obra qualificada pela educação e a criação de empregos?

Decididamente, não é isto que Jesus nos ensinou em Lucas 9:13. Pelo contrário, o discurso da candidata é semelhante ao discurso do diabo na primeira tentação de Jesus no deserto. Instado pelo diabo a tão somente suprir a sua fome material, assim respondeu o Cristo: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus” (Mt.4:4).

É esta a resposta que todo cristão deve dar à sra. Dilma Roussef.


Continua na próxima semana...


* Grupo Interdisciplinar Bíblico de Estudos e Análises - Análises – grupo informal de estudos bíblicos nascido na década de 1990 no corpo docente da Faculdade Evangélica de São Paulo (FAESP) e que hoje tem vida autônoma e esporádica produção.

Comentários

  1. Neste Pais, onde a maior parte das autoridades não respeita ninguém e não existe nenhum comprometimento, fica dificil escolher o candidato menos ruim.
    Votar "nestes" que se dizem evangélicos mas ainda não provarão para o que vieram e muitos dos que já foram eleitos no passado se constituiram "farinha do mesmo saco" mostra um quadro negro para os eleitores.
    Porque então em vez de mostrar as "supostas falhas" tais candidatos não apresentam um leque de possíveis realizações.

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  2. A Paz, Pr. Gilberto.
    Obrigado pelo seu comentário.
    O exercício da democracia é uma tarefa difícil, porém o já posto só mudará quando "os políticos", cristãos ou não, perceberem que nós - os eleitores - mudamos.Só assim não teremos mais que "engolir", como você diz, "farinha do mesmo saco". Um abraço.

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